Às vésperas da via-sacra, fiéis pagam promessas no Morro da Capelinha

Diagnosticado com câncer metastático, Luiz de Melo, 51 anos, viu os médicos desacreditados de sua recuperação, enquanto a doença se espalhava pelo corpo. Sem saber o que fazer, ele recorreu à fé para se curar. Desde então, são 22 anos mantendo uma tradição: um dia antes da encenação da via-sacra, no Morro da Capelinha, em Planaltina, ele faz todo o caminho descalço.

No topo, acende 10 pacotes, com oito velas cada, e faz o mesmo pedido: que no próximo ano possa retornar com saúde para repetir o gesto. “A fé me salvou. Os doutores duvidaram de mim, disseram não ter mais jeito. Hoje, graças a minha devoção, estou curado”, conta emocionado.

Quem também aproveitou a véspera da encenação, nesta quinta-feira (29/3), foi Suzana Farias, 34 anos. “Um lugar sagrado onde encontro a minha paz”. É assim que ela vê o Morro da Capelinha. Religiosa e devota, ela é presença garantida em um das mais importantes cerimônias religiosas do Distrito Federal.

A celebração, que chega a sua 45ª edição, ocorre nesta sexta-feira (30/3), a partir das 15h. Para os organizadores, a expectativa é de receber pelo menos 150 mil fiéis no local ao longo do dia.

Na edição deste ano, Suzana não poderá comparecer ao evento frequentado por ela desde os seus 10 anos de idade. Foi sua mãe quem começou com a tradição que, hoje, ela ensina aos seus filhos: “Eles gostam muito daqui. Sempre quando venho, trago eles e fazemos todo o caminho juntos”.

 

 

Quem também esteve no local para pagar uma promessa foi a servidora pública Joane Gomes, 27 anos. Sem conseguir engravidar, ela recorreu a Deus e conseguiu alcançar o desejo de ser mãe.

“Descobri que estava grávida na semana da Páscoa. Desde então, já são quatro anos vindo aqui agradecer a dádiva. Agora, estou pedindo novamente um irmãozinho para a minha filha”, disse sorridente. Segundo informou a devota, ela sobe parte do morro ajoelhada.

Trabalho voluntário
De acordo com a organização, ao todo, 1,4 mil voluntários participam de todo o processo de preparação da via-sacra. São 800 pessoas trabalhando na encenação e 600 integrando a equipe técnica.

De costura à carpintaria, serviços e trabalhos não faltam. Responsável por parte da estrutura de um dos palcos, o bombeiro civil Gleidson Gratão, 42, conta que atua na organização desde 1997. Já são mais de 20 anos ajudando a preparar o espaço.

 

Para ele, muito mais do que um mero serviço braçal, a colaboração representa um gesto de devoção religiosa: “Perto do que Jesus Cristo fez por nós, isso é muito pouco. Venho porque quero ajudar e é muito gratificante para mim fazer parte desse grupo”.

Trânsito
Com o objetivo de facilitar a vida dos fiéis devotos, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) preparou um cronograma especial para a data. Durante a sexta-feira, a partir das 13h, a DF-230 ganha sentido único, no trecho entre o Colégio Agrícola e a rotatória com a DF-130.

Uma das quatro pistas que dão o ao Morro da Capelinha deve ficar fechada para o tráfego de veículos. A entrada de pedestres será encerrada por volta de 21h.

No quesito segurança e emergência, o evento terá à disposição equipes do batalhão da cidade e unidades especializadas, além de cinco pontos com médicos e enfermeiros. O Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal (CBMDF) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) também estarão no local.

Programação

Planaltina
Santa Ceia (quinta-feira, 29/3)
Encenação da última ceia de Jesus Cristo junto aos apóstolos
Onde: Estacionamento do Ginásio de Funções Múltiplas de Planaltina (ao lado da istração Regional)
Horário: 20h

Paixão de Cristo (sexta-feira, 30/3)
Encenação da Paixão e Morte de Jesus Cristo, a via-crúcis
Onde: Morro da Capelinha, em Planaltina
Horário: 15h

Páscoa (domingo, 1/4)
Shows de bandas católicas
Onde: Estacionamento do Ginásio de Funções Múltiplas de Planaltina
Horário: 18h

Entrada franca

Quem quiser mais informações sobre o cronograma das celebrações espalhadas pelo DF pode consultar o site da Arquidiocese de Brasília.