Vídeo mostra desespero de familiares após jovem ser morta por sargento
Mãe de adolescente de 16 anos clamou, sem sucesso, por socorro e para que policiais levassem a filha baleada por PM ao hospital
atualizado
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Ao ver a filha caída com o rosto sobre uma poça de sangue, sem se mexer, Vanessa Priscila dos Santos gritou com toda a força por socorro, na noite de 9 de janeiro, perto de uma adega onde a família estava, na região de Guaianases, zona leste de São Paulo.
O drama dela foi registrado pela câmera corporal de um dos policiais envolvidos na ação (assista abaixo).
A adolescente Victória Manielly dos Santos, de 16 anos, havia acabado de ser ferida por um tiro, no lado direito do tórax. O disparo partiu da arma do sargento Thiago Guerra, de 39 anos, logo após ele usá-la para agredir com uma coronhada a cabeça do irmão da jovem, Kauê Alexandre dos Santos, de 21 anos. A garota morreu minutos depois, no Hospital Geral de Guaianases, de hemorragia interna.
Vídeo
Entenda o caso
- Kauê foi preso por uma falsa acusação, partida do sargento Guerra, de que ele teria participado de um roubo, momentos antes. Na delegacia, foi constatada a inocência de Kauê, que também gritou pela irmã quando estava algemado dentro da viatura da PM.
- Ele, a irmã e a mãe estavam em uma adega, na qual Kauê trabalha, quando houve um assalto. Por curiosidade, o rapaz e Victória saíram para observar a movimentação policial, quando foram abordados pelo sargento Guerra.
- O PM foi preso em flagrante, horas depois, pelo homicídio da jovem. Ele segue atrás das grades, por tempo indeterminado, no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte paulista. A defesa dele não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestação.
- Após ser agredido pelo sargento Guerra com uma coronhada na cabeça e testemunhar a arma que o feriu disparar e atingir a irmã no peito, Kauê foi encaminhado ao 50º DP (Itaim Paulista). Na delegacia da zona leste paulistana, o jovem foi apresentado como suspeito de um assalto, do qual não havia participado.
- Antes de a Polícia Civil constatar a realidade dos fatos, Kauê foi tratado como um criminoso, sendo fotografado de frente e de lado, como se costuma fazer para registros policiais (veja galeria abaixo). Nas fotos, o jovem aparece chorando a morte da irmã.
Como tudo aconteceu
Victória Manoelly e o irmão, Kauê, estavam em companhia da mãe e de amigos na adega onde o jovem trabalhava. Perto do comércio, um eletricista havia sido roubado por ao menos quatro ladrões. Já era de noite e a vítima pediu ajuda a policiais militares, do 48º Batalhão, que faziam ronda pela região.
Nas buscas, os PMs conseguiram apreender um adolescente de 17 anos, que estava com a carteira do eletricista no bolso. Ele confessou o crime, justificando praticar assaltos para sustentar o vício em drogas.
Kauê, que estava na adega, saiu do estabelecimento junto da irmã para conferir a movimentação policial na praça, quando foi abordado pelo sargento Thiago Guerra. O policial discutiu com o jovem, o agarrou pela gola da camisa e aplicou um golpe na cabeça, usando a coronha de uma pistola calibre .40, que disparou e atingiu Victória. O jovem e o adolescente foram levados para a delegacia momentos depois.
No local, o adolescente infrator ressaltou que Kauê não havia participado do roubo. Apesar disso, ambos foram fotografados, lado a lado, como se fossem comparsas do crime.
Desmentido pela bodycam
A inocência de Kauê foi confirmada após a Polícia Civil – enquanto registrava a ocorrência – ter o aos registros da câmera corporal usada pelo sargento. O policial ou da condição de testemunha do caso para indiciado por homicídio, crime pelo qual foi preso em flagrante, no mesmo dia.
No último dia 22/5, o Tribunal de Justiça Militar (TJM) acolheu uma denúncia contra o sargento Thiago Guerra pelo assassinato da adolescente Victória, tornando o policial réu.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que as investigações da Polícia Civil, bem como da Corregedoria da PM, já foram concluídas e encaminhadas à Justiça, “inclusive com as imagens registradas pela câmera corporal do agente”.