Secretário de SP nega perseguição a diretores: “Delírio absoluto”
Fernando Padula diz que não está “preocupado com política”, mas sim com a melhoria da aprendizagem dos estudantes
atualizado
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O secretário municipal da Educação em São Paulo, Fernando Padula, afirma que a decisão de convocar 25 diretores de escolas para uma requalificação foi baseada em critérios técnicos e nega que exista perseguição política aos profissionais. “É um delírio absoluto falar em perseguição política”, diz o secretário, em entrevista ao Metrópoles.
“Essas escolas estão entre as piores notas [nos indicadores de educação]. Não se pegou aleatoriamente uma unidade escolar e falou ‘essa unidade aqui é que vai’. Não estou preocupado com política. Estou preocupado com o estudante, com a melhoria da aprendizagem”, assegura Padula.
Critérios para a escolha
Pesquisadores da Rede Escola Pública e Universidade (Repu) divulgaram uma nota técnica, nessa segunda-feira (2/6). O documento aponta que apenas três das 25 escolas afetadas pela medida estão entre as 25 unidades com pior desempenho da capital paulista quando consideradas as metas de cada colégio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
O secretário, no entanto, afirma que as metas específicas das unidades não estavam entre os critérios adotados para a seleção de quem seria convocado para a requalificação, que considerou apenas as notas mais baixas do Ideb, do Índice de Desenvolvimento da Educação Paulistana (Idep), e o tempo de atuação dos diretores à frente das escolas.
Segundo ele, nos casos em que as unidades não possuíam nota do Ideb, porque no momento da aplicação da prova havia menos que 80% dos estudantes na escola, foram consideradas as notas do Idep. A partir dessa análise, a secretaria teria chegado, de acordo com Padula, ao número de 66 unidades prioritárias para a pasta.
“Dessas 66 escolas prioritárias, quais têm o diretor há pelo menos 4 anos na unidade educacional? Aí chegamos na lista de 25 unidades educacionais que tem essa convocação dos diretores”, explica o secretário.
Plano para “virar o jogo”
A medida de convocar os diretores para uma requalificação tem sido duramente criticada pelos educadores. Eles argumentam que a iniciativa não levou em consideração as especificidades de cada escola.
Como mostrou o Metrópoles, entre os diretores afastados estão profissionais que atuam em uma escola premiada e em uma escola que atingiu a meta do Ideb para sua unidade nos anos finais.
Padula garantiu que o projeto visa apoiar os profissionais a melhorar a aprendizagem dos alunos, uma fragilidade nessas escolas, segundo ele, e que quer “virar o jogo” nessas unidades.
“Podem ter diretores com excelentes trabalhos em outros aspectos, por exemplo, na relação com a comunidade, no uso de verbas, na gestão istrativa da escola, mas nós estamos com problema no pedagógico, na aprendizagem”, avalia o secretário municipal da Educação.
Ele rebateu a ideia de que o projeto não considera as especificidades das escolas. “Ao longo do processo, vai ter um [momento para o] diagnóstico da escola, verificar o que pode estar levando a isso, e os próprios diretores serão atores desse processo formativo para criar um plano para essas unidades”, disse.
De acordo com Padula, a convocação dos diretores para o início das atividades de formação será ainda nesta semana. Até esta quarta-feira (4/6), a pasta fará reuniões individuais com diretores que tenham dúvidas sobre o projeto, e o cronograma oficial de atividades deve começar na sexta-feira (6/6).
Durante o período em que os diretores estiverem na formação, que vai até o fim deste ano, outro profissional será mantido na gestão da escola para ajudar a equipe da unidade.
Inicialmente, a secretaria havia escolhido professores de outras escolas para a função. Depois das críticas da categoria e da recusa de alguns educadores, a secretaria acordou com os sindicatos que a decisão sobre quem auxiliará a gestão será tomada em conjunto pela escola e a diretoria regional de ensino.
Padula esclareceu que, ao término da requalificação, os diretores retornarão para as unidades.
Entenda o caso
- A Prefeitura de São Paulo determinou o afastamento de 25 diretores de escolas municipais por causa do desempenho dos alunos em indicadores de educação. Os profissionais foram informados da medida no dia 22 de março.
- Eles trabalham em unidades de tempo integral e estão há pelo menos quatro anos na função, segundo a secretaria.
- A gestão Ricardo Nunes (MDB) alega que os profissionais arão por uma “requalificação intensiva do Programa Juntos pela Aprendizagem”, criado em abril deste ano com o objetivo de melhorar os indicadores da rede.
- A medida é adotada depois que os baixos indicadores da prefeitura na Educação viraram alvo de críticas durante a campanha de Nunes, em 2024, e ameaçaram a continuidade de Fernando Padula à frente da pasta.