Sashiko: técnica japonesa é alternativa para recuperar jeans rasgados
Método de bordado de séculos atrás, o sashiko prolonga a vida útil peças de tecidos encorpados com avarias, como jeans rasgados
atualizado
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Que tal usar uma técnica tradicional japonesa para renovar aquele jeans que rasgou e ficou esquecido no fundo da gaveta? Desenvolvido há séculos, o sashiko era usado para remendar ou criar camadas de tecidos nas roupas de trabalhadores daquele período, como agricultores e pescadores. Atualmente, é visto como uma forma de arte têxtil, ideal para customizar roupas de tecidos mais encorpados com avarias como rasgos ou furos, com o jeans.
Vem entender como funciona:
- O bordado japonês sashiko tem origem no período Edo, que durou de 1603 a 1868. De uma invenção estritamente funcional, criada para suprir uma necessidade, tornou-se um tipo de arte.
- Uma forma criativa de upcycling, a técnica permite criar diversas padronagens com pontos e possibilita uma infinidade de customizações, de formas geométricas a desenhos tracejados. No Instagram e no TikTok, é possível encontrar vários exemplos.
- Fácil de fazer e ível, o sashiko pode prolongar a vida útil e corrigir avarias de peças em tecidos encorpados, como algodão grosso e linho. Materiais muito finos ou elásticos podem não sustentar bem os pontos ou enrugar, o que torna o bordado menos eficaz.
- Tradicionalmente, a técnica é trabalhada em algodão tingido de índigo japonês, que resulta em um visual semelhante ao jeans. Resistente e fácil de reforçar com bordados, o tecido era comum entre agricultores e pescadores.
- Tecidos que aram por diversos remendos e costuras, como o sashiko, resultam em um estilo de patchwork chamado no Japão de boro.
Na galeria, veja alguns exemplos de jeans restaurados ou customizados com sashiko:
Origem do sashiko
Em entrevista à BBC, a escritora Katie Treggiden, autora de trabalhos sobre artesanato, explicou que o norte do Japão demorou para ter o ao algodão. O insumo era caro e de difícil cultivo na região devido ao clima frio. Por isso, as pessoas conseguiam obtê-lo na forma de pequenos retalhos.
“Sashiko era uma maneira de conectar todas essas pequenas peças em um tecido acolchoado, conhecido como boro, que as manteria aquecidas”, explicou. Esses pedaços, segundo ela, eram comprados de comerciantes do sul ou reados repetidamente. A técnica surgiu a partir da necessidade de prolongar a vida útil das roupas.

Dicas para fazer em casa
Entre as dicas elencadas por especialistas ouvidos pelo jornal britânico estão usar remendos de tecido na mesma espessura ou um pouco mais finos que a peça em questão. Outras sugestões são usar uma linha mais grossa que o tecido e uma agulha comprida, com ajuda de um dedal, possibilitando fazer mais de um ponto de uma única vez.
Para garantir a precisão dos desenhos, padronagens podem ser esboçadas com lápis ou caneta solúvel em água. Outra dica para quem quer começar é pesquisar tutoriais, como os vários disponíveis nas redes sociais e no YouTube.

Assim como o kintsugi, técnica que recupera louças quebradas colando os cacos com uma mistura que leva ouro em pó (ou prata e latão), o sashiko – apesar da origem utilitária – pode se associar atualmente à ideia de valorizar a beleza nas imperfeições, do conceito wabi-sabi, filosofia japonesa que valoriza o simples e o aspecto transitório da vida.
Anteriormente, a coluna abordou dicas de como manter um guarda-roupa sustentável e garimpar peças em brechós, bem como diversas formas de conservar peças. Entre elas, instruções para lavagem de roupas e limpeza de tênis brancos, além cuidados específicos para itens de crochê e tricô, bolsas e sapatos, couro e camurça. Vale a pena conferir!