Astrônomos registram as maiores explosões cósmicas desde o Big Bang
Telescópio Gaia registrou aumentos repentinos e extremos de brilho, que duraram muito mais do que qualquer explosão semelhante conhecida
atualizado
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O telescópio espacial Gaia registrou uma explosão cósmica poderosa, a maior já observada desde o Big Bang. As imagens foram divulgadas nessa quarta-feira (4/6), em um artigo publicado na revista Science Advances.
Os registros mostram aumentos repentinos de luz que duraram muito mais do que qualquer explosão semelhante conhecida. Astrônomos batizaram o estrondo de evento nuclear transitório extremo (ENT, na sigla em inglês).
Os estrondos ocorreram quando estrelas gigantes, com massas pelos menos três maiores que o Sol, aproximaram-se de buracos negros supermassivos, localizados no centro de suas galáxias. A forte força gravitacional dos buracos negros rasgou as estrelas em pedaços, liberando uma quantidade imensa de energia – equivalente à que 100 sóis liberariam durante toda a sua vida útil.
Fenômenos como esse são conhecidos como evento de disrupção de maré (TDE, na sigla em inglês). No entanto, as versões atuais descobertas pelos astrônomos são muito mais intensas. Por isso, foram chamadas de evento nuclear transitório extremos.
“Observamos estrelas sendo despedaçadas por eventos de perturbação de maré há mais de uma década, mas esses ENTs são diferentes, pois atingem brilhos quase 10 vezes maiores do que o que normalmente vemos”, afirma astrofísico Jason Hinkle, pesquisador da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, em comunicado.
Hinkle aponta que os ENTs não são muito mais brilhantes do que os eventos normais de perturbação de maré, mas também permanecem luminosos por anos, superando em muito a produção de energia até mesmo das explosões de supernova mais brilhantes conhecidas.
Descoberta acidental
A principal missão do telescópio Gaia, desativado em março, era mapear a Via Láctea em três dimensões. Durante sua atividade, ele conseguiu exceder esse objetivo e fazer registros de superexplosões cósmicas.
Ao analisar dados do instrumento, a equipe liderada por Hinkle encontrou dois eventos incomuns: o Gaia16aaw, uma explosão registrada em 2016; e o Gaia18cdj, estrondo capturado em 2018. Os dois eram muito parecidos com outro evento registrado em 2020, o ZTF20abrbeie, apelidado de Barbie Assustadora.
Depois de determinar que as três explosões tinham características em comum, os astrônomos aram a estudar a motivação delas. Eles descobriram que as propriedades dos eventos ENTs eram iguais aos TDEs, porém apresentavam maior gasto de energia.
Além de rara, a descoberta ajuda os cientistas a entender melhor as características de buracos negros supermassivos, com pistas sobre a história primitiva do universo.
“Ao observar essas erupções prolongadas, obtemos uma compreensão melhor sobre o crescimento dos buracos negros durante uma era importante conhecida como meio-dia cósmico, quando o universo tinha metade de sua idade atual e as galáxias estavam formando estrelas e alimentando seus buracos negros supermassivos 10 vezes mais vigorosos do que os de hoje”, conta o astrofísico e coautor do estudo, Benjamin Shappee.
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