No STF, Heleno só responde a seu advogado e nega plano golpista
General Augusto Heleno exerceu direito de permanecer calado durante interrogatório sobre trama golpista. STF faz pausa para almoço
atualizado
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O general do Exército e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi interrogado nesta manhã de terça-feira (10/6), no Supremo Tribunal Federal. O ministro do STF Alexandre de Moraes começou o interrogatório, e Heleno exerceu seu direito de permanecer calado, só respondendo às questões de seu advogado. O próximo a prestar esclarecimentos à Corte, a partir das 14h30, será o ex-presidente da República Jair Bolsonaro.
Heleno foi ouvido no contexto da ação penal 2.668 que trata da suposta trama golpista para manter o ex-presidente Bolsonaro (PL) no poder, após as eleições de 2022. Ele é um dos oito réus investigados por supostamente tramarem um golpe de Estado no Brasil. O general pertence ao núcleo 1, também chamado de núcleo crucial do caso, conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
“É importante que o presidente Bolsonaro colocou que ia jogar dentro das quatro linhas (da Constituição), e eu segui isso aí rigorosamente durante todo tempo em que estive na Presidência”, afirmou Heleno. “Nunca levei assuntos políticos, tinha de 800 a 1.000 funcionários no GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Nunca conversei com eles assuntos políticos.”
Heleno afirmou, também, que “era uma preocupação muito grande que o GSI fosse encarado e fosse sentido como organização apolítica e apartidária”. Sobre as urnas, o general disse que sempre foi favorável “ao voto impresso” e afirmou que essa questão de desconfiança das urnas é “problema mundial”.
O advogado perguntou, ainda, ao general se ele contribuiu para espalhar desinformação sobre a votação em urnas eletrônicas, conforme a denúncia da Procuradoria-geral da República. “Não, não tinha nem tempo para fazer isso.” Heleno também negou ter se afastado do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não houve um afastamento.” De acordo com o general, o que houve é que, com a filiação de Bolsonaro ao PL, havia um trânsito de muita gente no gabinete da Presidência. “Aí eu falava: ‘Tô fora, né?’ Saía e ia para o meu gabinete.”
O general também negou ter conhecimento do plano golpista intitulado “Punhal Verde e Amarelo”. Às 12h30, o julgamento foi suspenso por Alexandre de Moraes. A sessão será retomada às 14h30.
Acompanhe como foi o julgamento pela manhã:
Os réus foram divididos em grupos de acordo com a atuação de cada um deles. As investigações da Polícia Federal (PF) que embasaram o processo têm como uma das principais provas contra Heleno anotações de teor golpista em uma agenda apreendida na casa dele.
Até o momento, já foram interrogados: o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tentente-coronel Mauro Cid; o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos; e o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres.
Próximos réus no interrogatório
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República.
- Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa.
- Walter Souza Braga Netto, general do Exército ex-ministro da Casa Civil.
Todos os réus respondem pelos crimes de: organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado.
O caso é julgado na Primeira Turma do STF, que é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Pela dinâmica definida, na hora de depor, o réu se levanta, senta no banco central, à frente dos ministros, e, quando terminar de falar, volta para o assento original.
Calendário dos próximos interrogatórios:
11/6 – das 8h às 10h
12/6 – das 9h às 13h
13/6 – das 9h às 20h