Exército: famílias de militares cobram mudanças após acidentes em GO
Novo acidente em Mozarlândia (GO) feriu dois militares. Na semana ada, um morreu e outros 10 precisaram de atendimento
atualizado
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Goiânia – Familiares de militares que participam de um treinamento da Brigada de Infantaria Paraquedista em Mozarlândia (GO) cobram mudanças urgentes nos protocolos adotados pelo Exército brasileiro. Somente durante a Operação Saci 2025, um jovem morreu e 12 ficaram feridos em acidentes diferentes.
“Eles vão ter de matar mais quantos para acabar com esse treinamento?”, questionou um parente de militar. “Parem de matar nossos meninos em treinamentos”, reforçou.
Na terça-feira (27/5), o soldado Leonardo Cristia Silva da Cunha, de 23 anos, morreu quando fazia um salto. O rapaz não conseguiu acionar o paraquedas a tempo e caiu em uma área alagada. Ele teria se afogado antes de receber socorro e foi encontrado sem vida por colegas. Segundo o Exército, outros 10 militares ficaram feridos durante o mesmo treinamento.
Na sexta-feira (30/5), um novo acidente foi registrado. Os paraquedas de dois soldados se embolaram no ar, e eles não conseguiram acionar o equipamento corretamente. Ambos foram socorridos e levados para exames, com estado de saúde estável, segundo o Exército.
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Indignação
Leonardo foi homenageado por parentes nas redes sociais. A irmã do militar escreveu: “Ele era um homem de família, era um orgulho. Tiraram o nosso menino”.
Uma prima desabafou: “Meu coração está doendo, irmão, por não estar ao seu lado nos últimos minutos. Só você e Deus sabem o que sentiu naquele momento”.
Leonardo participava do exercício militar em conjunto da Brigada de Infantaria Paraquedista e da Força Aérea Brasileira (FAB), ao lado de cerca de 300 militares. A causa oficial da morte do militar será confirmada pelo Instituto Médico Legal (IML). Ele era casado e tinha um filho.
O luto, segundo os familiares, também se mistura com dúvidas e indignação. “O que estamos sabendo não é o que queremos saber, e sabemos que têm verdades a serem descobertas”, escreveu uma amiga da família. “Meu irmão morreu, ele foi embora, mas salvou a vida de um amigo de farda”, acrescentou uma parente próxima.
“Nossos filhos não são cobaias”
Uma mãe que tem o filho entre os militares em treinamento também se manifestou pelas redes sociais, pedindo providências do Exército e do Comando Militar do Leste (CML): “Os jovens não podem ser usados como cobaias nesses treinamentos, é um absurdo.”
Uma enfermeira que atendeu alguns militares após acidentes relatou as condições em que eles chegam à UTI. “Os meninos chegam cabisbaixos, com medo até de responder. Famintos, desidratados, cheios de hematomas. Um deles, que atendi algum tempo atrás, ficou dependente de hemodiálise”, revelou. “Acho que tem coisas desnecessárias nesses treinamentos. Isso merece investigação”, completou.
Até o momento, o Exército não divulgou novas informações sobre as causas dos acidentes. A Operação Saci 2025 segue em andamento em diferentes regiões do estado de Goiás, e está prevista para ser concluída no próximo 6 de junho.