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Não é sobre o MC Poze. É sobre o medo (por Antônio Grassi)

O que se vê com frequência é o uso do aparato policial e midiático para reforçar um controle social sobre determinados corpos e territórios

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1 de 1 justiça-manda-soltar-mc-poze-apos-4-dias (1) - Foto: Reprodução.

De tempos em tempos, reaparece nos portais de notícias o rosto de um jovem artista do funk, cercado por manchetes que anunciam prisões, investigações e supostos vínculos com o crime. A engrenagem é a mesma: a espetacularização da suspeita, o julgamento público imediato, o reforço de estereótipos raciais e sociais.

Recentemente, foi a vez do MC Poze do Rodo, preso sob acusações de envolvimento com o tráfico e apologia ao crime. Mas a pergunta que precisa ser feita é: o que, de fato, está sendo criminalizado?

O funk é uma manifestação cultural poderosa. Nascido nas periferias, ele carrega as tensões, as alegrias, as contradições e os sonhos de uma juventude historicamente excluída. É ritmo, linguagem, identidade. E, como toda forma de arte, pode ser incômoda para os que preferem manter o status quo.

Não se trata de gosto pessoal. Eu posso não gostar de funk — e isso é legítimo. Mas o que não posso, e não devo, é negar sua existência, sua importância, sua função social. Compreender é um dever democrático. Aceitar a diversidade cultural é condição para que a liberdade de expressão não seja privilégio de poucos.

O que se vê com frequência não é uma preocupação legítima com a ética ou a legalidade. É o uso do aparato policial e midiático para reforçar um controle social sobre determinados corpos e territórios. Quando um jovem branco, universitário, de classe média, é pego em situação semelhante, o tratamento é outro. Não há espetáculo. Não há linchamento. Há compreensão, garantias e, muitas vezes, silêncio.

O MC Cabelinho resumiu com precisão essa contradição: “Desde sempre, a cultura preta, favelada, periférica é criminalizada. Desde sempre. O que me deixa intrigado é que, tipo assim, quando eu atuei na novela das 9h, que eu fiz um papel de traficante em Amor de Mãe, na Globo, era arte, né? Quando eu fiz um papel de bandido na novela Vai na Fé, das 7h, era arte. Quando um roteirista escreve a vida de um traficante e relata o que acontece na favela, é arte. Agora, quando um MC funkeiro, favelado, relata a realidade nas músicas dele, é apologia ao crime”.

Não é sobre o MC Poze. É sobre o medo que a sociedade tem daquilo que escapa ao seu controle. Do que não entende. Do que não aceita. É sobre o medo que a arte produz quando ela emerge das favelas, das ruas, dos becos — e sobe ao palco. É sobre o incômodo diante da voz que grita o que muitos querem calar.

Se a cultura marginalizada continua sendo tratada como caso de polícia, é sinal de que ainda temos muito a aprender sobre democracia.

Não é sobre o MC Poze. É sobre o país que ainda não aprendeu a respeitar a potência de sua própria gente.

 

(Transcrito do PÚBLICO-Brasil)

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